A qualidade do nosso sono está diretamente ligada com o nosso metabolismo e a síntese de diversos hormônios. Ou seja, quando a gente não dorme bem, essa condição favorece a diversas doenças como a obesidade e a depressão. Para quem treina e busca o resultado de hipertrofia, não dormir, ou dormir mal, acarreta vários problemas e que influenciam diretamente nos resultados. E a principal razão é que a falta de sono fará o corpo produzir menos leptina, um hormônio que controla sua saciedade alimentar, e isso acaba aumentando a vontade de comer mais carboidratos; as células do tecido muscular não são reparadas como precisam; a produção de hormônio essenciais para o desenvolvimento físico, como GH e testosterona também serão prejudicados.
Mas o que a melatonina tem a ver com isso?
Fabricada pelo corpo, a melatonina não só regula o momento de dormir como participa da reparação das nossas células, expostas ao estresse, poluição e outros elementos nocivos. Ou seja, ela é um antioxidante poderoso que combate os radicais livres que agridem o organismo. Acredito que muita gente já tenha ouvido falar sobre a substância, mas quem não, ela nada mais é do que um hormônio que é produzido naturalmente na glândula pineal, localizada bem no centro da nossa cabeça, no meio do cérebro, e somente à noite, no escuro! Se tem luz, não tem melatonina, porque a via que vai levar à produção de melatonina começa na retina. Se a retina percebe luz, a produção de melatonina não acontece. E, por essa razão, ela só atinge o seu nível máximo quando estamos dormindo. Com o nascer do sol e a volta da claridade, a glândula reduz a produção de melatonina, o que sinaliza que é o momento de acordar. Por regular as funções do sono em todo o organismo, a maior parte dos órgãos possuem receptores para ela. Portanto, ela atua no organismo de formas variadas.
Como hoje temos cada vez mais estímulos luminosos mesmo durante a noite, como a televisão, computadores e o uso constante do celular, algumas pessoas podem ter uma produção menor ou mais irregular da melatonina e alguns fatores também costumam influenciar na sua produção, que são:
- Idade;
- Exposição a fontes de luz;
- Alguns medicamentos;
- Cegueira.
E, dessa forma, pode existir a necessidade de suplementação, principalmente caso haja uma dificuldade de começar a dormir, de manter o sono ou de ter um descanso de qualidade durante a noite. Isso inclui os idosos, pessoas que trabalham à noite, pessoas que só conseguem dormir e acordar tarde e viajantes impactados por jet lag.
Suplemento
Além da forma natural, a melatonina também pode ser encontrada numa versão sintética, para ser ingerida como suplemento. A versão sintética do hormônio atua exatamente nas funções de regulação do relógio biológico, induzindo o sono e fazendo com que se tenha um ciclo de sono mais reparador e profundo. Porém, é importante ressaltar que a melatonina não tem a sua venda liberada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No entanto, ela pode ser importada se você tiver uma receita médica e o produto tópico feito em farmácias de manipulação já foi liberado para comercialização com receita médica.
Eficácia
Escuto muitas vezes no consultório: ‘Dr. Fernando, a melatonina funciona mesmo?’ E a minha resposta é sempre a mesma: Sim! Existem muitos trabalhos científicos que comprovam a eficácia da administração da melatonina no combate à insônia. Agora, dica 1: Não pode fazer suplementação de melatonina a hora que a gente tiver vontade, seu corpo não vai entender nada, vai dessincronizar tudo. Ou seja, não adianta querer fazer sozinho, você precisa ir no médico e saber se é indicado para você. Dica 2: A melatonina está envolvida em processos NO CORPO TODO. Ela não serve só para dormir. E, por fim, mas não menos importante, dica 3: antes de sair por aí tomando melatonina você precisa marcar uma consulta com seu médico de confiança e conversar sobre o assunto. Pois tanto a ingestão excessiva quanto a insuficiente podem causar problemas. Entre os mais comuns estão as dores de cabeça acentuadas, sonolência diurna, sintomas depressivos de curta duração, dores no estômago, tonturas, irritabilidade, confusão mental, sonambulismo etc. Além disso, crianças e adolescentes devem tomar muito cuidado com o consumo de melatonina, já que ela pode interagir com outros hormônios dessa fase da vida e interferir no desenvolvimento físico e psicológico.