Todo e qualquer cansaço, por menor que seja, pode ser um sinal de doença. E a explicação é simples. A fadiga significa que o corpo está produzindo menos energia do que o que de fato precisa e, desse modo, quando há essa queda na produção, é um alerta de que existe um sofrimento nas células, tecidos e órgãos. E é essa condição que dá origem às doenças. Nesse ponto é relevante dizer, até para elucidar e tornar o tema compreensível, que quando existe a falta de energia, a sua causa está diretamente ligada com a diminuição da quantidade e qualidade das mitocôndrias, que são as nossas “usinas de energia”. São elas que alimentam todas as outras células do corpo. E essa condição só ocorre quando o organismo está, de alguma forma, subutilizando a função mitocondrial, constantemente. Portanto, será inevitável, o cansaço aparecerá como sendo o primeiro sinal de que algo não vai bem.
Efeitos do cansaço
Para que todos os efeitos orgânicos dessa condição fiquem claros, vou utilizar a referência de alguns estudiosos que dividiram o cansaço em três estágios. O primeiro deles é a situação de indisposição logo depois de realizar algum esforço físico ou mental. Claramente será natural o indivíduo sentir-se cansado, até porque é essa sensação que fará o ser humano reconhecer os seus limites. Mas o mesmo deve desaparecer após uma noite de sono ou um período de descanso, de acordo com a Associação Brasileira do Sono.
Se não ocorrer desta forma, é marcada a fase do segundo estágio, que é a fadiga. Geralmente, essa fase faz a pessoa sentir-se cansada todo o tempo, fisicamente e mentalmente, o que caracteriza sintomas de doenças como anemia e depressão. Também caracterizam a fadiga dificuldade de concentração, irritabilidade, dores e fraqueza muscular. Após um intervalo para descansar e realizar atividades que deem prazer, como viajar, passar tempo com a família etc o cansaço persistir, é hora de procurar um médico para avaliar a condição.
O terceiro estágio caracteriza-se por uma fadiga excessiva e prolongada que passa a prejudicar a saúde e a qualidade de vida, chegando a incapacitar o indivíduo, impedindo ele de realizar tarefas simples do dia a dia, como levantar da cama pela manhã. E isso marca a exaustão, que é a falta de recursos físicos e emocionais para “sair da situação”, segundo a International Stress Management Association (Isma-BR).
Disfunção mitocondrial
Como expliquei no início desse artigo, diversas células do corpo humano possuem uma ou mais mitocôndrias e estas são como “usinas de energia”, ou seja, são essenciais para o corpo. Quando há um problema com a produção de energia, ocorre a doença ou disfunção mitocondrial. Para os cientistas, essa situação caracteriza-se como sendo uma categoria ou grupo de doenças. E esse distúrbio, por afetar mais de um tipo de célula, mais de um tecido e mais de um órgão, apresenta sintomas não idênticos, já que cada um possui uma combinação única de mitocôndrias.
De forma prática, o que eu estou dizendo, é que órgãos, como o cérebro, e tecidos, como o muscular, que requerem uma grande quantidade de energia são geralmente os mais afetados quando há a doença mitocondrial. Outros órgãos também afetados, em diferentes níveis de severidade, são: olhos, aparelho auditivo, coração, fígado, trato gastrointestinal, fígado, rins, órgãos endócrinos e sangue.
E, portanto, a lista de sintomas que o indivíduo pode apresentar vai variar de acordo com quais células do corpo foram afetadas. Estão entre eles:
- Crescimento lento;
- Perda da coordenação muscular, fraqueza muscular;
- Problemas de visão e/ou de audição;
- Atraso no desenvolvimento, deficiências de aprendizado;
- Deficiência intelectual;
- Doenças no coração, fígado ou rins;
- Desordens gastrointestinais, constipação severa;
- Problemas respiratórios;
- Diabetes;
- Risco aumentado de infecções;
- Problemas neurológicos, convulsões;
- Disfunções da tireoide;
- Demência.
E, desse modo, é importante dizer que, em alguns casos, sintomas e sinais podem sugerir uma específica doença mitocondrial. Somente o exame físico e testes laboratoriais poderão para caracterizar o envolvimento de vários órgãos e chegar ao diagnóstico correto. Exames laboratoriais incluem: testes de sangue, exames cerebrais e do coração, avaliações neurológicas, oftalmológicas e de audição.
Dica
Suplementos nutricionais como vitaminas e co-fatores são importantes para pacientes com doenças mitocondriais e muito mais úteis em pacientes com deficiências específicas: por exemplo, a suplementação com a Coenzima Q10 é bastante efetiva em pacientes com deficiências desta coenzima.